quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Ansiedade matemática


A ansiedade matemática é uma fobia específica, que aparece como sentimento de tensão e preocupação frente a situações que envolvem a matemática. Não possui origem genética e não está associada ao desenvolvimento cognitivo. Pode ser resultado de uma série de eventos, como o medo de fracassar, por exemplo.

Os processos cognitivos e emocionais estão profundamente entrelaçados no funcionamento do cérebro e, portanto, a ansiedade matemática influencia diretamente no processo de aprendizagem.

É indicado técnicas adequadas de programas de ensino individualizado e técnicas de autocontrole para reduzir a ansiedade. O professor deve transmitir significados, esclarecer os conceitos e incentivar rodas de conversas sobre os conceitos matemáticos, trabalhos em grupos pequenos, não pressionar para resposta rápida e não estimular a competição entre os alunos.

Avaliação neuropsicopedagógica

Avaliação Neuropsicopedagógica

O que é avaliação neuropsicopedagógica?
Essa avaliação consiste na investigação de dificuldades ou transtornos de aprendizagem. Através de testes e conhecimentos neurocientíficos, busca entender a forma como o cérebro recebe, seleciona, transforma, memoriza, arquiva, processa e elabora todas as informações recebidas.

O processo onde serão aplicados testes de raciocínio operatório, testes pedagógicos, testes perceptomotores, avaliação de capacidade de memória, avaliação de capacidade de atenção, avaliação de capacidade de concentração, testes de interpretação de texto, avaliação de funções executivas, avaliação de capacidade de planejamento, dentre outros.

Aceita convênio médico?
Não, pois os convênios médicos não realizam a cobertura do serviço de atendimento neuropsicopedagógico ou psicopedagógico.  



quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA)

Augusto Cury definiu essa síndrome, que de forma muito simplificada, seria o vício em pensar. Pensar é benéfico e importante, mas é prejudicial pensar demais, com excesso de informações e preocupações. Estima-se que a SPA atingi cerca de 80% da população

Nossos pensamentos são construídos a partir das informações arquivadas na nossa memória e pelo autofluxo. A memória é um produto de carga genética, do ambiente e das nossas experiencias. O gatilho da memória é acionado quando entramos e contato com estímulos extrapsíquicos, intrapsíquicos ou orgânicos. Esses estímulos são checados em bilhões de dados com uma rapidez surpreendente e abrem-se janelas de memória, que são áreas de leitura da memória em um determinado momento. Essas janelas podem ser neutras, traumáticas ou prazerosas, dependendo do conteúdo emocional envolvido.
O autofluxo é um fenômeno do inconsciente, que produz pensamentos sem a autorização do consciente.

Causas da SPA:
- Excesso de: informação, atividades, trabalho intelectual, preocupação, cobrança, uso de celulares, uso de computadores, etc

Sintomas da SPA:
- Ansiedade
- Mente inquieta ou agitada
- Insatisfação
- Cansaço exagerado
- Sofrimento por antecipação
- Irritabilidade
- Impaciência
- Tédio
- Dificuldade em lidas com pessoas lentas
- Dificuldade em lidar com frustrações
- Dor de cabeça
- Dor muscular
- Dificuldade de concentração
- Déficit de memoria
- Transtorno do sono

Níveis da SPA:
- 1º nível : viver distraído (a pessoa parece não estar ouvindo, move repetidamente os dedos, mãos ou pernas)
- 2º nível: não desfrutar a trajetória (a pessoa não desfruta do processo, tem o foco no ponto final)
- 3º nível: cultivar o tedio ( a pessoa fica inquieta, tem dificuldade imensa em lidar com a rotina e costuma achar os outros superficiais)
- 4º nível: não suportar os lentos ( o sujeito fica irritado ao conviver com pessoas vagarosas, perde a paciência com as pessoas que não seguem o seu ritmo)
- 5º nível: preparar as férias 10 meses antes (fica impaciente no transito, planeja exaustivamente as férias, mas quando esta acontece, não relaxa e não aproveita)
- 6º nível: ansiar pela aposentadoria (qualquer coisa a irrita, esta viciado em batalhas)

Consequências da SPA:
- Insatisfação crônica, reclamação frequente, irritabilidade, impaciência, déficit de motivação, dificuldade para sentir prazer, não reconhecer as próprias qualidades e dificuldade para elogiar.
- Imaturidade, desanimação, comportamento autoritário, não reconhecer os erros e não pedir desculpas.
- Fragilidade emocional, dificuldade em lidar com a crítica, hipersensibilidade, preocupação exagerada com a imagem social.
- Doenças psicossomáticas: hipertensão, taquicardia, queda de cabelo, etc
- Criatividade comprometida, pois pensar excessivamente bloqueia a imaginação.
- Desempenho intelectual global comprometido, pois afeta o processo de observação, assimilação, resgate e organização de dados.
- Dificuldade em manter relações sociais devido a impulsividade, baixo nível de paciência, debater ideias e desenvolver empatia.

 SPA x TDAH
Infelizmente, é bastante comum profissionais da área da saúde confundirem SPA com TDAH. E a cultura do diagnóstico a todo custo, gera interpretações erradas. O diagnóstico certeiro orienta condutas do tratamento, mas quando é equivocada rotula e aprisiona o paciente.
No TDAH existe o fator genético e os sintomas se manifestam na infância. Pode ser indicado tratamento medicamentoso.
No SPA a agitação é construída aos longos dos anos e é causado pelo excesso de estimulação. Não existe alteração metabólica e a falha é funcional e social. O indivíduo tem dificuldade em pensar nas consequências e gerenciar pensamentos.

Tratamento do SPA:
O tratamento para o SPA demanda atribuir atividades lentas e lúdicas, ouvir músicas tranquilas, tocar instrumentos, pintar, praticar esportes, fazer teatro. Não deve ser ingerido ritalina ou outras drogas
É necessário desenvolver a autonomia, ser livre para pensar, libertar o imaginário. Aprender a gerenciar o sofrimento por antecedência e pensar no futuro apenas para a criação de metas.  

Mais informações no livro "Ansiedade-como enfrentar o mal do século" de Augusto Cury



quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Diferença entre psicopedagogia e franquias de método próprio.


É comum ser confundido pelas famílias o trabalho psicopedagógico com o de instituições de método próprio, realizado por franquias conhecidas.  A diferença é total e um trabalho não exclui o outro. Em alguns casos a conciliação de ambos os trabalhos funciona e é indicada. Vou tentar esclarecer...

A psicopedagogia é uma área de trabalho de estudo de aprendizagem, normal e patológica. É indicado para todos. A metodologia da intervenção psicopedagógica acontece principalmente através de materiais lúdicos, como jogos por exemplo, pois estimulam a criatividade, habilidades logicas, estratégias, leitura, compreensão e interpretação. Com atividades que auxiliem o indivíduo a desenvolver competências que ampliem a confiança em sua capacidade de aprender, respeitando cada modalidade de aprendizagem própria. Compreendendo o modo particular do aluno aprender e traçando estratégias para construir e reconstruir conhecimentos.

As instituições com sua metodologia própria, em sua maioria usam o método de repetição, com o foco na autonomia dos estudos. Onde um único método é aplicado a todos.


Em um local o objetivo é aprender com o erro e no outro é não errar. Não é a mesma coisa! Então fica a critério da família escolher o que considera como objetivo mais importante para o desenvolvimento da criança e determinar qual das duas metodologias faz mais sentido para o que busca e para o que o aluno necessita. 

terça-feira, 18 de julho de 2017

Memória

Como funciona a memória?

A memória é uma função cognitiva que capacita o ser humano a armazenar e resgatar informações que chegam ao sistema nervoso através dos sentidos ou desenvolvidas pelo córtex em resposta aos estímulos recebidos.

É classificada em:
1)      Memória declarativa: guarda os fatos, acontecimentos e conceitos. Depende muito da atenção e do desejo. É subdividida em:
- Curto prazo: localizada no córtex cerebral. É o breve armazenamento dos estímulos e capacidade de manter informações de forma temporária. Ocorre perda da informação rapidamente a não ser que esteja acompanhada de emoção ou sentimento.
- Longo prazo: é o armazenamento relativamente permanente da informação na memória de curto prazo.
- Memória episódica: permite lembrar experiencias pessoais vividas num contexto próprio.
- Memória semântica: armazenamento de conhecimento do mundo ao nosso redor.

2) Memória de procedimento: é necessário a pratica para armazenar o conhecimento. Uma vez adquirida a habilidade, não é necessário a atenção adequada enquanto a atividade está sendo executada. Depende de uma grande interação com o emocional e com as atividades motoras automáticas.

Aprender é guardar na memória os diferentes detalhes que o estimulo apresentado nos oferece e depende do interesse que desperta, da capacidade de atenção, da existência de um córtex integro, da presença de um sistema de associação e integração, de conhecimentos pré-existentes, da adaptação emocional e das condições orgânicas.

Quando não há déficit intelectual e mesmo assim há dificuldade em memorizar, há cinco possibilidades:
1)      Carência cultural, o que necessita de muita leitura para resolver.
2)      Falta de interesse, devendo ser resolvido através de treino como ler em voz alta, escrever o que estuda, etc.
3)      Distúrbio emocional onde o tratamento é psicoterápico.
4)      Estresse, onde o estilo de vida deve ser reavaliado e alterado.
5)      Idade avançada, onde o tratamento é preventivo, com atividades que protejam os neurônios, como leitura e conhecer lugares e pessoas novas.


Não existe medicação para melhorar a memória. A relação entre memorizar e significar o que se precisa memorizar estão juntas. 

... E quando não é uma dificuldade de aprendizagem?

... E quando não é uma dificuldade de aprendizagem?

“É preciso ser para aprender. A aprendizagem significativa é fruto da permissão de ser, mais que isso, é fruto da sensação de ser. Estamos falando da maneira especifica e natural de ser de cada um de nós, que se transforma a medida que interagimos significativamente com o mundo e com os outros.” – FURTADO.

A dificuldade de aprendizagem é o sintoma de que as dinâmicas do entorno do aprendiz estão inadequadas. Independente do quadro ou diagnostico, se o aluno estiver vinculado com o ato de aprender, ele aprenderá.

A dificuldade aparece quando não há motivo pelo qual aprender.

Os indivíduos com dificuldades de aprendizagem necessitam de uma avaliação multidisciplinar. O diagnóstico dificilmente será obtido com a realização de exames e pouco provável que a resolução do processo seja conseguido com o uso de medicações.

Nós aprendemos através dos nossos sentidos, aprendemos com o corpo todo. A intuição, a percepção são instrumentos valiosos de leitura e compreensão do mundo. As nossas emoções são tão poderosas do quanto nossas inteligências. Além disso, a aprendizagem requer um tempo.

Muitas vezes a criança não tem dificuldade para aprender e sim os adultos que possuem dificuldade em achar o modo adequado para mediar a aprendizagem.

É necessário mediar a aprendizagem, valorizar os passos percorridos e reencaminhar quando necessário. É estar presente de forma a favorecer a iniciativa do aluno em buscar entendimento. Significar a aprendizagem é permitir que cada um faça esse trabalho, pois só o sujeito pode dar significado às coisas. 

A aprendizagem para acontecer necessita de uma pessoa pronta para aprender. É necessário arriscar-se na aventura da aprendizagem, saber insistir, pedir ajuda, errar, acertar, buscar entender e refletir sobre as próprias ações.

Para aprender a pessoa necessita de tempo, de espaço, de um ambiente educativo e afetivo emocional, além de materiais facilitadores como livros, jogos, mediação e liberdade para se expressar e de se manifestar.  Cada pessoa tem o seu tempo, acertando, errando, duvidando, arriscando e ponderando.
Muitas das dificuldades de aprendizagem tem sua principal origem no estado emocional do aprendiz. A emoção é manifestação do campo afetivo da pessoa e é decorrente da qualidade das relações que ela estabelece ao longo da vida. Todo o indivíduo que não tem um ambiente emocional equilibrado tem as suas aprendizagens prejudicadas.

Quanto mais as crianças tiverem uma educação que lhe dê ferramentas para enfrentar as dificuldades de modo geral, mais possibilidades de aprendizagem está criança desenvolverá.

Muitas vezes o problema não esta na criança e sim na maneira como a família introduziu a escola na vida dela, ou a maturidade desta para as responsabilidades inerentes do aprender, ou na qualidade dos professores ou métodos utilizados.

As crianças se formam conforme os modelos que receberam. Muitos pais querem que seus filhos leiam, mas eles próprios não se dispõe a ler.

Cada indivíduo é um mistério a ser desvendado e uma potência a ser descoberta. Não podemos nos apoiar em certezas, mas em probabilidades.

Ensinar e aprender é um caminho que precisa ser construído com responsabilidade e criatividade. Responsabilizar-se pelo trabalho continuo do estudo, do conhecimento, da boa vontade. Não existem atalhos quando se fala em formação e desenvolvimento.


 “O potencial de aprendizagem pode ser desenvolvido, e os bloqueios derrubados, nas condições certas. Aprender a aprender é uma possibilidade que está ao alcance de todos.” – CLAXTON

É TDAH?

É TDAH (Transtorno de deficit de atenção e hiperatividade)

“Um dia uma mãe me telefona e me pergunta: Doutor, o senhor trabalha com Ritalina? Prontamente respondo: Não, minha senhora, trabalho com crianças!”  - Dr José Outeiral (psiquiatra)

O TDAH é um distúrbio de maturação de áreas encefálicas localizadas na formação reticular e no córtex pré-frontal. É de se esperar que a estimulação terapêutica seja o caminho mais viável para sua recuperação. Não existe medicação capaz de determinar maturidade em neurônios.

O diagnóstico não pode ser confirmado por exames clínicos, laboratoriais ou de neuroimagem. O diagnóstico só pode ser aceito após avaliação de uma equipe multidisciplinar.

Costumo dizer às famílias que não sou contra nenhum tipo de medicação, desde que seja receitada por profissionais competentes e sensíveis. Onde esta medicação realmente vai ajudar a melhorar o quadro, auxiliando o indivíduo a controlar o seu comportamento.

Atualmente estamos fabricando medicamentos potentes para manter as pessoas “iguais”. E com a quantidade e rapidez das informações nos deixamos seduzir pela “magica” de ter os problemas resolvidos por uma pílula. Quanto mais nos tornamos dependentes de medicamentos, menos desenvolvemos nossa capacidade de resolver problemas e aprender. Não se admite mais aguardar que terapias venham a demonstrar os efeitos benéficos que produzem nas crianças hiperativas. Terapias consideradas demoradas e caras.

Devemos lembrar também que nem sempre a criança hiperativa é portadora de TDAH. Os sintomas típicos do transtorno podem ser encontrados em crianças sem qualquer distúrbio neurológico, por exemplo, criança sem limite, falta de compreensão do assunto tratado, falta de interesse, espectro autista, quadros psicóticos, dislexia, entre muitos outros. A agitação, a insegurança, a desatenção, a impulsividade, a pressa e o medo estão no nosso cotidiano, dentro ou fora do ambiente escolar.


As famílias não tem tempo para dedicar-se aos seus filhos, os professores não tem tempo para conduzir seus trabalhos da forma que idealizam ou gostariam e as crianças ficam sem tempo para aprender. E então as crianças ficam distraídas e/ou agitadas para receber atenção e são super estimuladas por jogos, equipamentos de tv....concluindo temos crianças mal educadas e sem compreensão necessária do mundo e adultos estressados, sem o tempo necessário para viver e conviver de forma prazerosa e educativa.